quarta-feira, 16 de junho de 2010

Projetos de agricultura familiar: uma questão de “oiko nomia”

A reflexão sobre projetos, também aqueles voltados para a agricultura familiar, pode ter como ponto de partida o fato de que tal tipo de empreendimento traz implícita a idéia de desejo de mudança. Enquanto ação situada num presente específico, planejar, contudo, liga o homem ao futuro através de uma utopia realizável. De fato, planejar algo é colocar-se diante de um futuro que acreditamos ser viável. Assim, um projeto parte de uma esperança concreta de transformação que, na maioria das vezes, visa algum tipo de melhoria para os envolvidos.

No que se refere particularmente a projetos voltados para agricultura familiar, há implicações específicas que devem ser consideradas. O foco no núcleo familiar, antes de mais nada, evidencia que tais projetos devem considerar as dimensões múltiplas e as particularidades relativas a essa organização social complexa. A família, sobretudo no meio rural, caracteriza-se como organização de elevada carga identitária, cujos vínculos entre as pessoas são extremamente arraigados e os objetivos pessoais são, em grande parte das vezes, partilhados. Há todo um modo de vida que através da vivência familiar tende a ser considerado como grande bem simbólico, herança fundamental para que o individuo construa sua identidade. Assim, tal vivência mostra-se na verdade como a experiência de um processo educativo fundamental: uma educação comunitária em que há a vinculação essencial entre pratica de vida e reflexão, constituindo dessa maneira um conhecimento cheio de significado para o indivíduo.

A experiência comunitária da família aparece como fundamental para a vivência plena, por parte do individuo, de suas potencialidades de pessoa humana. Isso, porque é no núcleo familiar que se tem, quase sempre, o primeiro contato com regras e normas de convivência com o diferente, é aí que se descobre as primeiras noções de cuidado com o outro e com o lugar (casa) onde se vive; ali estão os fundamentos do espírito solidário e ecológico: há leis que devem ser respeitadas por todos, para que seja garantido o bem estar amplo da família/comunidade e de cada pessoa que a compõe.

Portanto, a família se organiza também com base em uma economia. Este termo é aqui abordado em seu sentido primitivo de “Oikos” e “Nomos”, radicais gregos que remetem respectivamente aos sentidos de casa: lugar onde se vive e lei: norma de conduta, costumes e hábitos de vida. Normas partilhadas coletivamente que regem a convivência saudável do homem com o homem e do homem com o seu lugar.

Este é um dado interessante quando abordamos a agricultura familiar uma vez que as relações referidas estão, além de tudo, diretamente ligadas à prática de subsistência e de geração de renda. Portanto, aspectos relativos ao modo de vida específico da comunidade rural, à sua identidade de grupo social, à sua identidade cultural são relevantes quando se pensa em um projeto de agricultura familiar.

Um projeto dessa natureza deve considerar a prática comunitária em sua dimensão complexa em que estão associados os aspectos organizativo (normas de organização solidária e ecológica); educativo (onde há a construção de um conhecimento significativo ao sujeito) e produtivo (voltado à subsistência e à geração de renda). Assim, atenderá as diversas demandas coletivas e individuais da comunidade rural a que está ligado.

Diante disso, a proposição de um projeto de agricultura familiar deve partir das demandas efetivas da comunidade em questão, sob o risco de se cometer equívocos graves como o incentivo de práticas puramente assistencialistas, por exemplo. O projeto é uma ação política, antes de tudo. Por isso, requer daqueles que o propõe clareza de concepções sobre individuo, família e identidade cultural.

Se, como disse, o projeto é uma ação política que busca levar a melhoria de uma situação de exclusão do homem rural, não justifica qualquer proposta que conduza à contrária permanência de um status de opressão deste.

Prof. Luís Henrique da S. Novais

terça-feira, 15 de junho de 2010

Amor

O mês de Junho nos instiga a perguntar: o que é o amor? Não é apenas o amor dos namorados, das relações a dois. Mas o amor maior, aquele amor universal que perpassa a família, o dia-a-dia... Aquele amor que emana da alma, que dá sentido a vida. A nossa própria vida e a vida do outro. Aquele amor que nos faz ficar embasbacados diante de um céu estrelado, uma lua cheia. Aquele amor que nos faz olhar para um pai e uma mãe e enxergar neles “nossos heróis”. Se não heróis... ao menos nutrir um grande respeito aqueles que nos colocaram no mundo. O amor, esse que nos faz delirar ao plantarmos uma sementinha e dali colher frutos e saciar a fome de tantos. Aquele amor de olhar o outro e respeitá-lo. Aquele amor que ilumina a alma, quando todo o resto é só tumulto, é só correria. Aquele amor que ultrapassa as tecnologias contemporâneas, que vence o consumismo do dia dos namorados, considerados por muitos o dia do amor. Aquele amor simples e puro amor.

Valdira Luiz Nobre – aluna do Procampo